Entenda a curiosa relação entre os excrementos de pepino-do-mar e uma possível melhora no ecossistema

 

Para ser claro, este é o pepino do mar.
Foto: (reprodução/internet)

Você pode retribuir à sua comunidade doando roupas velhas ou trabalhando como voluntário em um banco de alimentos. Pepinos do mar oferecem algo um pouco menos convencional: cocô e muito cocô.

De acordo com um estudo recente publicado na revista Coral Reefs, os pepinos do mar negro (Holothuria atra) ao longo de um segmento da Grande Barreira de Corais produzem mais de 64.000 toneladas de excremento a cada ano – ou aproximadamente a massa de cinco Torres Eiffel.

Como os pesquisadores concluíram isso

Embora chegar a essa estimativa não envolva medir fisicamente cada tonelada métrica, os pesquisadores gastaram 24 horas memoráveis ​​“fazendo cocô”, como disse ao The Guardian o ecologista de recife e coautor do estudo, Vincent Raoult.

Os pesquisadores usaram drones e satélites para estimar que mais de 3 milhões de pepinos do mar negro vivem nos recifes de coral externos e internos na fronteira com a Ilha Heron, perto de Queensland, Austrália.

Para estimar quantas fezes essa população gera anualmente, eles primeiro tiveram que determinar quanto um pepino-do-mar faz cocô em um único dia. Portanto, a equipe monitorou espécimes individuais em tanques.

“A cada hora, sentávamos lá, pegávamos uma colher e coletávamos as pequenas bolinhas fecais que esses pepinos do mar produziriam”, explicou Raoult.

Eles descobriram que cada pepino-do-mar é responsável por cerca de 38 gramas de cocô por dia, que eles extrapolaram para chegar a cerca de 64.000 toneladas métricas em todo o recife por ano.

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Todo esse cocô é uma coisa boa?

Mais pesquisas são necessárias antes de tirarmos qualquer conclusão sobre como isso afeta a saúde do recife e de seus outros habitantes, mas provavelmente é uma coisa boa.

A defecação do pepino-do-mar é um método de bioturbação, o que significa que ajuda a agitar os sedimentos no fundo do oceano.

Isso pode liberar nutrientes vitais para o ecossistema – como carbonato de cálcio, que constitui os esqueletos de coral e as conchas de outros organismos.

À medida que os oceanos absorvem o dióxido de carbono liberado quando queimamos combustíveis fósseis, a água se torna mais ácida e as estruturas de carbonato de cálcio se deterioram mais rapidamente.

Em outras palavras, o cocô do pepino do mar pode estar liberando carbonato de cálcio adicional, o que ajuda os recifes de coral a resistir aos efeitos das mudanças climáticas.

Novamente, mais pesquisas são necessárias, mas é possível que devamos comemorar as realizações excretórias dos pepinos-do-mar da Ilha Heron da mesma forma que fazemos com as crianças recém-treinadas no penico.

Traduzido e adaptado por Agora Sabe

Fonte: Mental Floss