Entenda como cientistas podem finalmente descobrir os segredos de uma múmia egípcia – sem desembrulhá-la

A glamour shot of the mummy at the Argonne National Laboratory.
Foto: (reprodução/internet)

Os pesquisadores usaram radiografias avançadas para revelar os segredos de uma múmia do antigo Egito – sem desembrulhar

As múmias antigas, por estarem tão bem preservadas, podem nos dizer muito sobre a vida de pessoas do passado.

Mas estudar seus segredos geralmente envolve desembrulhar as múmias – e possivelmente danificá-las no processo.

Embora os pesquisadores usem há muito tempo as tomografias computadorizadas para contornar esse problema, os raios X não são detalhados o suficiente para descobrir tudo sobre os artefatos internos.

Felizmente, tecnologias de raios-X mais abrangentes estão surgindo. O Laboratório Nacional de Argonne do Departamento de Energia dos Estados Unidos abriga a Advanced Photon Source (APS), uma instalação de fonte de luz que produz raios X muito mais intensos do que obteríamos para um osso quebrado.

Equivale à diferença entre um laser e uma lâmpada

“A diferença é semelhante à diferença entre um laser e uma lâmpada”, disse o físico Jonathan Almer da APS ao Mental Floss.

Como os raios X regulares mostram contraste com base na densidade, eles são úteis para coisas como identificar rachaduras – que são preenchidas com ar – em ossos densos. Os raios X APS, por outro lado, mostram contraste com base em redes de cristal.

Basicamente, cada material cristalino tem sua própria rede: um padrão molecular repetitivo que difere em tipo e tamanho das redes de outros materiais.

Como essas redes são tão distintas, as informações que os pesquisadores podem obter dos feixes APS são muito mais específicas do que o que um raio-X padrão revelaria.

“Por exemplo, podemos distinguir osso com alto teor de cálcio de osso com baixo teor de cálcio devido às diferenças no tamanho da rede ou na quantidade de carbono no aço”, explica Almer.

Os feixes APS já tiveram bons resultados anteriormente

Almer e uma equipe de cientistas da Northwestern University recentemente transformaram os feixes de alta resolução do APS em uma múmia de 1900 anos escavada em Hawara, Egito, em 1911.

Uma tomografia computadorizada preliminar sugeriu que os restos pertenciam a um criança de 5 anos – provavelmente menina, com base no retrato encontrado com a múmia.

Como seu esqueleto está intacto, os pesquisadores acham que ela pode ter morrido de doença, em vez de lesão corporal.

A tomografia computadorizada também ajudou os pesquisadores a decidir quais áreas da múmia almejar com os feixes APS, reduzindo o processo de raios-X de duas semanas para cerca de 24 horas.

Esclarecendo alguns mistérios sobre a múmia

Foto: (reprodução/internet)

Usando os novos raios-X, a equipe esclareceu alguns mistérios importantes sobre a múmia. Minúsculos pinos de arame que perfuravam o tecido eram feitos de um “aço moderno de fase dupla”, sugerindo que eles foram adicionados nas últimas décadas para manter a embalagem segura.

O outro material misterioso é muito mais antigo (e mais surpreendente): o amuleto que descansa no abdômen do esqueleto foi criado a partir de um mineral de carbonato de cálcio chamado calcita.

Mais artigos envolvendo esse tema: Descobertas assustadoras: restos mortais humanos podem mostrar movimento por cerca de um ano após a morte

Avanços tecnológicos em uma área afetam outras áreas

O professor de pesquisa da Northwestern University, Stuart Stock, coautor do estudo no Journal of the Royal Society Interface, explicou em um comunicado à imprensa que a calcita não era um material especialmente comum para amuletos desse tipo.

Portanto, os pesquisadores poderão em breve rastrear detalhes sobre quando e onde se originou.

No geral, o estudo é um exemplo de como os avanços tecnológicos em um campo podem impactar a pesquisa em outro completamente diferente.

É também uma evidência de que as novas tecnologias podem promover a pesquisa arqueológica sem sacrificar artefatos preciosos.

Traduzido e adaptado por Agora Sabe

Fonte: Mental Floss